(foto daqui)
As tuas águas correm, límpidas e puras,
desde há muitas gerações,
fonte de aventuras e desventuras,
fonte de ilusões e desilusões.
Homens solteiros lançando
as redes do amor a belas raparigas
que se faziam desentendidas
enquanto eles as iam mirando.
Pela noite adentro, fonte de ressaca
de quem andou vagabundeando
de bar em bar, de tasca em tasca.
Outras vezes fez-se acompanhar
de senhoras em rendas entretidas
que a língua matreira aproveitavam para desenrolar
enquanto laboravam enxovais às comprometidas.
E à tarde, bem à tardinha,
cúmplice da moça chorosa,
confidente da rapariguinha
na sua desilusão amorosa.
Pouco antes da missa, homens ali se sentavam
para trocar dois dedos de conversa
enquanto elas o terço na Igreja rezavam.
Fonte de encontros amorosos
única testemunha de beijos roubados
por moças e moços formosos
em encontros não planeados.
Fonte de tantos e tantos momentos,
vida correndo lembrada em água,
água que sacia os sentimentos
perpetua o amor e afoga a mágoa.
Célia Gil