segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Não sou um exemplo

Célia Gil

(imagem do Google)


Quem sou eu para te aconselhar?
Eu, que não tenho sido o exemplo,
que tenho errado sem cessar,
que me acobardo e me lamento?

Quem sou eu para te dar lições de vida?
Eu, que me resigno sem me lamentar,
que não passo de uma fugitiva sem guarida,
que se deixa enganar, espezinhar?

Quem sou eu para te dizer o caminho a seguir?
Eu, que nem conheço o rumo da minha vida,
que passo a vida a ignorar o meu sentir,
e me questiono nas encruzilhadas, perdida?

De uma vez por todas, mentaliza-te!
Não sou boa conselheira!
Traça os teus próprios passos na areia da vida
E vive a vida à tua maneira!
                                 Célia Gil


domingo, 30 de outubro de 2011

Pátria morta

Célia Gil
(imagem do Google)


Quando penso no meu querido País,
relembro passados vitoriosos,
heróis com grandes feitos gloriosos,
construíram uma Pátria feliz.

Orgulho retratado n'Os Lusíadas
pelo grandioso poeta Camões,
qual a Nação escolhida que elegias
p'ra enaltecer a maior das Nações.

Os nossos heróis caíram por terra,
rendidos numa nação sem esperança,
personagens de quem já nada espera.

Tão somente o desespero e a derrota
que levam ao crime e insegurança,
deixando apenas uma pátria morta!
                                          Célia Gil


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

súplica

Célia Gil

(imagem do Google)


Poeta,
sonhador inconsequente
em busca de ilusões
que aliviem a realidade sofrida.

Foge, Poeta, foge!
Isola-te nessa página secreta.
Arma silenciosa, só tua
guardada na gaveta.

Se a folha de papel
é o mar onde afogas as mágoas,
é o mar onde te libertas,
mergulha, poeta
nessas páginas submersas
e limpa a alma da realidade,
purifica-te da dor e da crueldade.

Mas, Poeta…
Não sejas egoísta!
Deixa-nos entrar no teu mundo,
mergulhar contigo
nessas ondas grafemáticas.

Purifica-nos a nós
que confiamos em ti,
que queremos beber um pouco
dos teus sonhos e ilusões,
respirar as palavras
sensíveis e repletas de emoções.

Poeta,
suplicamos-te um pouco de ti,
tão pouco!...
Mas o suficiente para se ser mais feliz.

                                                  Célia Gil

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Chuva milagrosa

Célia Gil


(imagem do Google)

A natureza bebe insaciavelmente
da chuva que cai.
Depois de dias e dias de sede,
sequiosa,
ansiosa
por uma gota que fosse,
abre os braços e abraça
as grossas gotas de chuva
que caem no seu seio.
E agradece
numa profusão de verde,
num leve agitar de folhas
que sacodem a água
ao sabor do vento
que passa para lhes contar
histórias de encantar.
Algumas perdem as folhas velhas,
pois sabem
que novas virão
com o raiar do sol
da primavera.
É uma cura de beleza
uma esfoliação
que as deixará como novas.
Agora, limitam-se a beber
olhando o céu
e agradecendo a Deus
a divina água
que as traz de novo à vida.
                          Célia Gil

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Leitora em gratidão

Célia Gil


(imagem do Google)

Não sou a poetisa eleita,
a escolhida, a designada…
Muito menos sou perfeita!
Sou um ser humano que sente
e que gosta de escrever,
de partilhar, dar e receber.
Com simplicidade,
naturalidade,
de alma aberta,
escrevo o que sinto e penso
não o que a profissão me dita,
porque aqui fico desnuda do canudo,
que, para escrever, não é tudo.
As pessoas medem-se
pela grandeza interior,
e onde julgam estar a perfeição,
estarão sempre arestas por limar,
onde julgam estar grandes escritores,
estão projectos por alcançar.
Sou escritora de mim mesma,
para mim mesma,
e para quantos mais queiram apreciar.
Não sou Florbela, muito menos Espanca,
não sou Sophia, muito menos Andresen,
não sou Fernando, mas sou pessoa.
E a todos os que partilham comigo
o amor à escrita,
os que partilham o que são,
o que sentem, o que pensam,
o que ficcionam, o que elaboram,
o meu bem-haja
de leitora em gratidão!
                         Célia Gil

domingo, 23 de outubro de 2011

deixai-me sonhar

Célia Gil

(imagem do Google)


Deixai-me sonhar,
ainda que por breves instantes.

Ignorar o mundo envolvente,
a ansiedade, a mágoa, a verdade,
fechar-me no sonho e triunfar.

Deixai-me iludir-me,
ainda que por breves instantes.

Acreditar no presente,
na paz, na harmonia, na vitória.
Abrir a alma inocente
que teimo em fechar.

Deixai-me acreditar,
ainda que por breves instantes.

Acreditar que o passado resiste
em mim, em nós, na vida.
Libertar-me de tudo
e sonhar… apenas sonhar!
                             Célia Gil


sábado, 22 de outubro de 2011

O meu Hulk

Célia Gil
A minha nova aquisição fez-me estar fora estes últimos dias. É um cachorrinho labrador com seis semanas, que fui buscar a 200  km daqui. Como é evidente tem sido uma festa por aqui, tenho o Dragão, o meu outro cão, com ciúmes e o pequenito a chorar por ficar sem os manos, que eram nove. Mas é um fofo, não nos larga, procura uma perna para se aninhar e dormir. É muito meigo e mimoca. Aqui vão umas fotos dele:

Não é uma fofura? Irresistível!
Além disso estive a plantar umas alfaces, porque as primeiras secaram devido ao excesso de calor. Como dão chuva, pode ser que desta vez resulte. Quando a horta estiver compostinha, eu tiro umas fotos! Bom fim de semana!


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Há dias assim

Célia Gil


(imagem do Google) 


            Há dias em que acordamos
e os olhos teimam não se abrir,
cada músculo se retrai
e nos impede de reagir.
Há dias assim…

Em que tudo parece correr mal,
em que o eu que se levanta
fica ainda deitado na sua ausência,
recusando-se a enfrentar o vendaval.
Há dias assim…

Em que sou apenas um corpo
sem alma, sem vida,
ausente de mim e do mundo,
percorro o dia, vagueio perdida.
Há dias assim…

Em que nada me anima,
nada me faz reagir,
chorar ou sorrir,
e me torno sombra de mim mesma.
Há dias assim…

Podem explodir bombas,
pode haver vendavais,
irromperem grandes temporais,
que eu fico impávida,
contemplando, sem ver,
sem sequer me reconhecer.
Há dias assim…

Em que me perco de mim!
                              Célia Gil

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Memórias eternas

Célia Gil

(imagem do Google)


De semblante carregado, ele olhava
a velha cabana onde antes vivera,
onde para sempre lhe prometera
que em seu coração para sempre morava.

Agora nos seus olhos perpassava
o dia em que injustamente a perdera!
Num trágico acidente ela morrera
e agora só a memória restava.

Do alpendre avista um azul mar sem fim,
mar onde repousa todo o seu ser
e revê-a vestida de cetim

nesse mar onde quis permanecer,
ondulante, transparente e carmim…
Decide: ali estará até morrer!
                                Célia Gil

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O meu mundo

Célia Gil

(imagem do Google)

Não sou antissocial, não!
preciso apenas de momentos
para me deitar com os meus pensamentos
e ficar a sós com a ilusão.
Mas são tão breves…
A realidade clama por mim
num clamor sem fim,
culpando-me: como te atreves?
E de mão em riste me aponta
o dedo da necessária responsabilidade
e eu que só queria tranquilidade
sinto um peso que me afronta.
Ó vida, dá-me um pouco de tempo
para ficar a sós comigo,
sem esse tempo eu não consigo
sem esse pouco mas santo tempo.
Os meus olhos só querem sorrir,
a minha mão fincar o papel,
com ideias presas num cordel
que esvoaça em todo o meu sentir.
Não sou antissocial, não!
Mas quero o meu mundo de poesia,
a minha breve fantasia
que inunda de felicidade o meu coração.
                                                 Célia Gil







segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Obrigada mãe

Célia Gil

(imagem daqui)


A minha voz não tem o som do que sou,
vem lá do fundo, soa como a de minha mãe
quando a escutava atentamente.
Há um timbre que ficou
e que, com os anos, se aperfeiçoou
num som que a minha mente gravou.
A minha voz, quando me oiço,
é de outrem que não eu,
alguém em cuja voz reapareceu
a minha mãe, lá longe no céu.
E as frases que digo aos meus filhos,
a mim mas disseste vezes sem fim,
eu que sempre aprendi contigo
os ensinamentos que agora dou de mim.
Como tu falo e com prazer,
pois nunca quis que fosses diferente,
foste uma mãe sempre presente
que semeou em mim todo o seu ser!
                                          Célia Gil

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Grito de revolta

Célia Gil

(imagem do Google)


Neste ermo a que subi para gritar
tudo é cheio de imensa solidão,
aqui posso até perder a razão
que não terei ninguém para me julgar.

Posso aos sete ventos tudo gritar,
posso até me espojar em pleno chão
e libertar toda a minha emoção
que não escutarei qualquer sussurrar.

Posso até gritar ao céu a tristeza
que me invade assim sem pedir licença
e entra assim com tão grande ligeireza

impondo em mim sua inútil presença.
Posso revoltar-me com aspereza
Sem ninguém ferir com a dura ofensa!
                                  Célia Gil

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Exorcizar fantasmas

Célia Gil
(imagem do Google)


Sempre rodeada de tanta gente
mas tão só e fechada no meu mundo,
sabendo eu tão bem que mesmo no fundo
vivo com os meus fantasmas na mente.

Concentro os pensamentos de repente,
fecho-me neles a todo o segundo
que me alheio da vida e até do mundo
corpo presente numa mente ausente.

Quem pode dos fantasmas libertar-me,
dos que fui criando ao longo da vida?
Só eu poderei, sozinha, ajudar-me

a exorcizar os fantasmas da vida,
quando eu própria conseguir enfrentar-me
e sair deste beco sem saída.
                                   Célia Gil

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

História de um amor impossível

Célia Gil

(imagem do Google)


À sombra da grande figueira antiga,
uma colorida manta pelo chão…
Eu só e entoando a nossa cantiga
revejo teu rosto em minha ilusão.

Invade o ar o cheiro a pão de ló,
compota de amora e framboesa,
ao lado, dois copos de vinho, e só
contemplo o teu lugar vazio à mesa.

E a velha figueira ao me ver chorar
murmura-me as nossas histórias antigas
e sorrio amplamente ao recordar

doces beijos roubados às escondidas,
danças ao som do vento a inebriar
sentidos perdidos nas despedidas.
                                    Célia Gil

sábado, 8 de outubro de 2011

A plenitude do amor

Célia Gil

(imagem do Google)

Não quero existir pela metade,
apenas para ponderar,
aceitar e interiorizar regras.
Quero poder crescer
com os erros que possa cometer.
Não quero existir para me retrair,
pensar sempre antes de agir,
ver se posso sorrir.
Quero sorrir quando me apetecer
e agir sem pensar,
sem que venha a punição,
o castigo, a má cara, a zanga.
Não sou perfeita!
Quem o é?
Errar é simplesmente humano.
Quero que aceitem o meu erro
como um passo natural do meu percurso,
com um sorriso
e não de cara fechada
à espera da perfeição.
Julgar só Deus o fará
no juízo final.
Quem ama aceita o erro,
aconselha, não exige;
perdoa, não ofende;
compreende, não magoa;
fala, não ignora;
sorri, não “prende o burro”;
e ama, sobretudo ama,
porque amar é gostar
para além de todos os defeitos.
É aceitar a pessoa como ela é.
Não é um ato egoísta,
não é uma exigência,
não é uma imposição.
É chorar quando o outro chora,
porque o amor está acima de qualquer
sentimento comezinho e egoísta.
Amar é amar-se a si e ao outro por igual,
formando um só ser.
                           Célia Gil

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ser professor

Célia Gil

    
(imagem do Google)

     Ser professor não é tarefa fácil. Dizem os desentendidos que vida de professor é fácil, que só têm férias e pouco fazem. Quanta ignorância! Não serão, com toda a certeza todos iguais! Em qualquer profissão há o trabalhador e o lambão, mas não podemos pautar todos por igual tabela.
     Ser professor exige paciência, compreensão, pulso firme e a determinação para dizer não quando é preciso. É louvar os sucessos alcançados e não deixar desanimar perante as derrotas.
     O professor é, muitas vezes, o que o aluno faz dele. Se as turmas o aceitarem e respeitarem desde o início, terá a tarefa facilitada. Se não, precisa criar empatia e provar que sabe ensinar. Não é fácil lidar com 27 alunos dentro de uma sala de aula, personalidades tão diferentes, conflitos, arrogâncias… Se os pais se queixam que dois ou três filhos dão tanto trabalho, como seria se tivessem 27?
     O professor deve, antes de mais, mostrar-se credível, sabedor e confiante. Deve motivar, tentando constituir um exemplo a seguir, sendo um exemplo vivo de que é possível aprender toda a vida.
     Um bom professor é aquele que fica na memória dos alunos e que não é esquecido nunca!

           Célia Gil

sábado, 1 de outubro de 2011

Noite inspiradora

Célia Gil
(imagem do Google)


O silêncio da noite
escuta as minhas confissões,
serenamente...
com todo o tempo do mundo.
O silêncio da noite
traz o eco das lembranças
e escuta-as
pacientemente...
com uma calma contagiante.
O silêncio da noite
aconchega os meus medos
e embala-os
perseverantemente...
qual mão que acaricia o cabelo.
O silêncio da noite
adormece os meus pesadelos
e tranquiliza-os
calmamente...
até a minha alma se sentir livre.

E é no silêncio da noite
que a minha mão,
insistentemente...
pega na caneta que a noite guia
para escrevinhar páginas e mais páginas,
que perpassam como fotografias,
divagantes pelo pensamento,
descansando apenas no papel
gravadas perpetuamente...
                                   Célia Gil



Coprights @ 2017, Histórias Soltas Presas Dentro de Mim Designed By Templatein | Histórias Soltas Presas Dentro de Mim