quarta-feira, 27 de junho de 2012

Quando a alma anoitece

Célia Gil


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(imagem do google)

A noite cai
qual manto negro
no rio que me corre
dentro do peito.
Sinto melodias presas
em grades cinzeladas
no coração.
E já nada flui.
Apagaram-se as lanternas
que faziam brilhar-me os olhos.
O desenho dos meus lábios
abertos num sorriso
perdeu os contornos,
é hoje algo indistinto.
O calor dos meus braços
já não abraça ninguém.
Os afetos ficaram aprisionados
no manto negro
do rio que me corre
dentro do peito.
                             Célia Gil

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Por ti

Célia Gil



(Dedicado ao meu mais que tudo, o meu marido)

Hoje eu aproveitei
para pedir um desejo
um singelo e puro desejo
que apenas imaginei.

Hoje eu pensei
em seguir as pegadas do vento
um doce e suave vento
e então descompliquei.

Hoje eu sonhei
que o mundo era todo emoção
uma simples e ingénua emoção
com a qual me emocionei.

Hoje eu percebi
que o vento me sussurrou
o desejo na emoção que se instalou
e que sentirei sempre por ti
                                  só por ti!
                                             Célia Gil

terça-feira, 19 de junho de 2012

Sonhos seguros

Célia Gil

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(imagem do google)

Enquanto a minha mão não me doer
Erigirei de palavras castelos
Fortes e de sentimentos bem belos
Para minh’alma se fortalecer.

Solidificarei bons sentimentos
De raízes sempre presas ao chão,
Que não quero subir sem direção
E cair do alto dos pensamentos.

Quero asas imbatíveis de um falcão
Para empreender meus sonhos seguros,
Asas que conheçam a direção,

Que sigam os meus instintos mais puros,
Conciliem emoção e razão
E tornem os percursos menos duros.
                                        Célia Gil

domingo, 17 de junho de 2012

Inversão

Célia Gil
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(imagem do google)




O mundo está às avessas!
O pesponto das costuras
revela fragilidades
que outrora se escondiam
sob uma elegante aparência.

Mas hoje o mundo
deixou de conseguir esconder
o que temia revelar.
Hoje o mundo
tem orgulho em ser vagabundo
sem saber vagabundear
e sem já nada ocultar.

A revolta traz desaforamento
encolhe a vergonha
e aviva o despudor.
E o que antes era cimento
e fé no firmamento
é hoje falsidade, é peçonha,
é crítica, é ronha.
Esmorecem o amor
amofinando-o,
estrangulando-o
ao sabor do dissabor
do desamor e do rancor.
                                    Célia Gil

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Vocações trocadas

Célia Gil


(imagem do google)


Uma tarde cálida, um jardim de primavera…
Passeiam-se mães empunhando carrinhos,
rindo e brincando com os seus rebentinhos,
uma tarde cálida, um jardim de primavera…

Sozinha, mais à frente, olhando de soslaio,
uma mulher com ar de vocação para mãe
olha, triste, os rebentos que não tem,
sozinha, mais à frente, olhando de soslaio.

Ali, naquele banco, uma mente estéril
esbofeteia um filho que não merecia,
mãe por acidente que o filho negligencia,
ali, naquele banco, uma mente estéril.

Eu, na plateia deste jardim da vida,
entristeço-me com estas duas situações,
vidas trocadas sem que haja razões,
eu, na plateia, deste jardim da vida.
                                                       Célia Gil

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Voltar a acreditar

Célia Gil


(imagem do google)

Portugal, que hoje és,
já o dizia Pessoa, “nevoeiro”,
esqueceste que foste o primeiro
a percorrer o mundo de lés a lés?

Foste o que ousou primeiro
sonhar o que nunca fora sonhado,
encontrar o que nunca fora encontrado,
louco, corajoso, aventureiro!

Onde jazem as cinzas da época de ouro?
Onde te esqueceste do teu berço?
Deixaste cair em terra o teu terço
e, com ele, a fé, teu maior tesouro.

Por mais que o rio agora corra,
se esforce por chegar ao mar,
já nada, povo, te faz vibrar…
Não deixes que a coragem te morra!

Se das cinzas nasce a esperança,
acredita, do nevoeiro regressará a fé
para acreditar de novo e até
para fazer renascer a confiança!
                                                Célia Gil

  

sábado, 9 de junho de 2012

Livro do Fernando

Célia Gil
Hoje não venho postar nada meu, mas sim falar, com orgulho, da publicação do livro do meu filho mais velho, o Fernando, de 16 anos. De hoje a oito dias será a apresentação, na Biblioteca Municipal do Fundão.


E aqui vos deixo dois poemas que integram o livro "Aqui entre nós":


Serei o mestre e o aprendiz

Quem sou eu?
Neste mundo oprimido e narcisista,
Sem liberdade de opinião,
Sem lugar para um artista.
Onde desenharei eu minhas palavras?
Onde poderei eu libertar meus pensamentos?
Preciso de partir,
Encontrar o meu lugar,
Descobrir o meu próprio canto,
Descobrir o meu encanto.
Aí sim entoarei bem alto,
Minhas ambições e desilusões,
Factos e constactações.
Aí sim serei livre,
E farei o que quiser.
Aí voltarei a ser feliz,
Farei o que nunca fiz,
Serei o mestre e o aprendiz.


Fernando Teixeira



Pinóquios engravatados


Reza a história,
Que o pobre,
Pouco ou nada come.
E aceita-se esta realidade,
O assunto cai no esquecimento.
Até que alguém morre,
Na imprensa tinta corre,
Faz-se um drama mundial.
E aqueles que culpados são,
Ficam pasmados e espantados,
Desconhecendo a razão,
Para tal situação.
Fingem bem esses pinóquios,
Licenciados e engravatados,
Que com faro para o dinheiro,
Governam o nosso Estado.
É preciso alguém bater com a porta,
É preciso alguém dizer BASTA.
Chegou a altura de ajudar,
Pois não falta quem apoiar.
Está na hora de mudar,
Pensamentos e mentalidades.
Está na hora de acabar,
Com as mentiras e as falsidades.
Esses espantalhos que assumam,
As mortes que causaram.
Esses espantalhos que declarem,
A fome que provocaram.
Só espero que não seja tarde demais,
E que ainda se vá a tempo de solucionar,
Este problema que teima em alastrar,
E que parece nunca mais acabar.



Fernando Teixeira




quarta-feira, 6 de junho de 2012

Fragmentação do ser

Célia Gil

(imagem do google)

De mim ando perdida,
temo não me reencontrar,
ficar esquecida neste deserto
que é a vida.

Fragmentei-me,
perdi cada pedaço de mim,
deixei-os cair sem que desse conta
pelos trilhos dos caminhos,
pelos labirintos por que passei.

Não reencontro as peças soltas
alguém as apanhou, colecionou,
e nada me deixou.

E o que ficou de mim
é tão pouco!
Não me deixa usufruir,
não me permite sentir,
não me deixa ser,
enfrentar e vencer.

Colecionador da minha alma,
devolve-me os sentimentos,
a fé, a confiança, a crença!

Colecionador da minha alma,
deixa-me recolher os pedaços
que perdi por aí…

Quero voltar a encontrar
a minha essência perdida!

Colecionador da minha alma,
deixa-me voltar a sonhar!
                                     Célia Gil

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Mãe natureza

Célia Gil


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(imagem do google)
Mergulho em águas cálidas
envolvo-me na água pura e cristalina,
que me abraça com a sua imensidão
estendendo braços doces,
abraçando-me como uma carícia breve.

Mergulho neste rio imenso
e sinto-me dona do Universo.
Aspiro o doce aroma do rio,
dos salgueiros, das giestas,
e estamos a sós
eu e tu, mãe natureza!
Quão grandioso é o teu esplendor,
Quantos tons de vida tem o teu silêncio!

Como pode o Homem ferir-te
em toda a tua beleza e harmonia?
Como pode o Homem destruir-te
se te dás, assim, sem nada pedir,
num acto de entrega total,
numa dádiva divina,
mãe natureza?
                               Célia Gil

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