quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Outono no meu peito

Célia Gil

(imagem de cá)

Na minha alma impera o outono,
há sentimentos contraditórios
que se difundem no meu peito,
sentimentos puros, simplesmente ilusórios
aos quais me submeto, me sujeito.
Impregna-me o perfume da instabilidade,
a beleza dos campos de cogumelos semeados,
medronhos vermelhos dão cor ao castanho
das folhas secas caídas de ramos cansados.
Cheira a humidade, a caruncho, a terra...
É a natureza, aos poucos,  a apodrecer,
a reagir ao frio estonteante que a aterra.
E a nossa alma também hiberna,
também precisa morrer para renascer,
também ela apodrece, se prostra na caserna
à espera de um novo amanhecer.
Faltam ideias, vontade, iniciativa,
sobeja a preguiça, a ronha, a rotina,
é a mente cansada que já não se sente viva
que precisa de mudar a sua sina.
É preciso acordar a vida que adormece
nesta cama de folhas outonais,
tornar em novo dia a noite que escurece
recuperar todas as forças vitais.
                                                    Célia Gil


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Fenómeno natural

Célia Gil
Hoje venho apenas apresenta-vos um fenómeno interessante que foi captado por cima da minha casa.
(imagem de cá)

Uma nuvem estranha pairava no céu. 
Por um lado, parece um coração, provavelmente porque em minha casa reina o amor. 
Por outro, parece estarmos a ser invadidos ou alvo de estudo por extraterrestres que se deslocaram aqui através desta nave espacial. 
O céu é um enigma e é incrível a forma como as nuvens se apresentam!
                                                                                                                      Célia Gil

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

vida citadina

Célia Gil

(imagem do google)

No fulgor dos dias citadinos
agitam-se passos apressados
e os dias correm
sem destino, desesperados.
Multiplicam-se imagens passageiras
que são logo substituídas por outras,
todas efémeras, derradeiras
imagens sem vida, ocas.
Vagueiam sentimentos nulos de sentido,
sentimentos sem coração.
Cada ser é um ego perdido
na imensidão de uma vida sem razão.
Soltam-se notas e acordes musicais
que perdem rumo nas ondas auditivas,
ecos de quem não ouve mais
e se desvia, em manifestações fingidas.
Cidade nua de memórias,
onde se perde a identidade,
onde não se cultivam histórias...
Onde está a minha verdadeira cidade?
Quero andar sem pressa,
sentir cada cheiro,
analisar cada gesto
e sentir-me em casa.
Quero dizer bom dia, olá, até amanhã,
respirar a minha cidade,
sentir-me em paz
viver sem ansiedade,
ter a minha interioridade.
                                   Célia Gil

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Os meus animais

Célia Gil
Hoje venho apresentar-vos o nosso mais recente membro da família, o Becas. Tem quatro meses e que sobreviveu porque foi criado à mão, alimentado com uma seringa.
É muito meigo, já diz olá e deixa fazer miminhos a toda a gente. Tem umas asas espetaculares.
Adora beijinhos e o meu marido não perde a ocasião.

O Dragão, nosso cão mais velho, não estranhou o Becas, pois já tínhamos tido outro papagaio.
É um shitsu, meia-leca, que se considera o maior e gosta de se atirar aos cães maiores.

Já de outra forma reagiu o nosso cão mais novo, o Hulk, de onze meses, que tem imensa curiosidade em relação ao Becas. Passa o tempo a olhar para ele e a seguir os seus movimentos.

                                                                                                      Célia Gil

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O poder das mãos

Célia Gil









(imagem do google)

Nas mãos temos a paz e a guerra.
Com elas damos, entregamos, compartilhamos.
Com elas tiramos, acusamos, recusamos.
Nas mãos temos a fé e a derrota.
Com elas acreditamos, fazemos justiça, lutamos.
Com elas esmorecemos, desistimos, enlouquecemos.
Nas mãos temos o amor e o ódio.
Com elas acarinhamos, amamos e nos damos.
Com elas nos vingamos, invejamos, ultrajamos.
Nas mãos temos de tudo um pouco,
E de tudo o que temos não temos nada.
São de Deus quando as estendemos na bondade,
São do demónio quando as fechamos à humanidade.
                                                                        Célia Gil

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