terça-feira, 28 de agosto de 2012

Pessimista. Porque não?

Célia Gil

(imagem do google)

Sou pessimista. Sou. Porque não?
É mais fácil cair-me uma lágrima
do que conseguir que o coração sorria.
A tragédia acontece antes de ter acontecido,
sofro sempre por antecipação.
Antes de me esquecerem, sou ser esquecido,
tudo é areia que se esvai da mão.
O cair da noite é breu cerrado,
as certezas, mera ilusão,
Sinto o certo muitas vezes como errado,
sonhos são folhas caídas pelo chão.
Penso, pondero sempre em demasia,
desisto, não insisto no que me diz o coração,
Olho para os golpes da sorte como quem desconfia.
Sou assim. Pessimista. Porque não?
                                               Célia Gil

sábado, 25 de agosto de 2012

Algumas fotos de férias

Célia Gil
Este ano não tive propriamente férias. Passei uns dias no Porto, passando por Aveiro e, para a semana, irei passar mais uns dias a Lisboa. Mas aqui ficam algumas das fotos destes passeios:
A ria de Aveiro proporciona uns passeios agradáveis.

Em Miramar, em Gaia, apanhámos bom tempo e ainda fizemos uma manhã e tarde de praia. Até fui duas vezes à água, apesar de fria.

Um passeio pela Foz do Porto é sempre inspiradora, tem paisagens que relembram o cinemascópio.

Eu e o meu mais que tudo passeando pela rua de Cedofeita, no Porto, onde vivi durante os meus 5 anos de curso.

Eu e o meu mais que tudo em Aveiro.

De regresso a casa, o resto das férias foi passado entre a piscina do condomínio em que vivo, a horta e o finalizar das obras.

O resultado do telheiro que fizemos no exterior da casa, agora já fechado com vidraças.

Uma vista panorâmica da horta e do telheiro, que tem do lado direito uma casa de banho e do lado esquerdo um quarto de arrumos.

E quando não nos apetece ir à piscina, sempre nos podemos deitar nas espreguiçadeiras e ir arrefecendo no chuveiro.

Um lindo domingo!






terça-feira, 21 de agosto de 2012

Vitória do presente

Célia Gil

(imagem do google)

Quedo-me no silêncio que jaz
nas horas repetidas,
cansada de jogar às escondidas
com um tempo que não volta atrás.

Apodera-se um desejo de mim,
formigueiro de sonhos impossíveis
de tornar imprevisíveis
o nascimento, a vida, o fim...

Tacteio a escuridão abismal
dos sonhos que não concretizei,
da juventude que não guardei
e que julguei ser intemporal.

O hoje entra então de repente
no palco quimérico da minha vida,
resgatando a esperança perdida,
dizendo-me: o agora é para sempre.
                                            Célia Gil


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sociedade marginalizadora

Célia Gil


Em todas as esquinas,
em recantos resguardados e abandonados,
olhos sem vida seguem os nossos passos,
à espera de uma esmola…

Esses olhos esbugalhados
salientes num rosto semeado de ossos,
deixaram há muito de brilhar,
quando se apagou o facho dos sonhos,
se desfizeram as mais ínfimas ilusões.
Fica o vazio de um passado apagado,
o futuro é um beco de incertezas e deceções.

Olhos cansados de viver
suplicam o mínimo para sobreviver.
De tanto sofrer, aprenderam
a andar de mãos dadas com a dor,
aprenderam a lidar com o sofrer.

Os objetivos ficaram presos no passado.
O hoje é a ausência de tudo.
Resta a fome, o frio, a luta diária,
Mas o grito de revolta quedou-se, mudo.
Marginalizados, ocos de sentimentos,
cadáveres adiados, afundados na sua vida precária.

Quem foi, outrora, o ser por detrás dos olhos apagados?
Com certeza não este ser envelhecido,
este ser ignorado, fruto da sociedade umbilical
que o discrimina e o deixa esquecido,
qual resto servido a um animal,
só porque fraquejou perante a vida,
desistiu face às dificuldades,
não teve força para ultrapassar as maldades
de quem despreza a pessoa que se dá por vencida.


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Mini-férias

Célia Gil
Finalmente um merecido descanso numas mini-férias rumo ao Porto! 



Pontuar a vida

Nem sempre pontuamos corretamente
os momentos da nossa vida.
Esta passa, inexorável,
vírgula após vírgula
em momentos que avançam
inexoravelmente ligados
às malhas do passado.

Impõem-se reticências
em atitudes impensadas,
realidades inacabadas,
dúvidas que ficam nas ausências.

Quantas vezes me interrogo numa afirmação,
confrontada com dúvidas assumidas como verdades?
Quantas outras exclamo sem razão
o que sei serem dúvidas nascidas das muitas ansiedades?

Mas, perante a hesitação das reticências,
a convicção das exclamações,
a dúvida das interrogações,
surge um travessão para acabar com as incoerências.

Inicio um diálogo para partilhar,
gritar ao mundo a minha dor,
manifestar, opinar, confidenciar
um pesadelo, uma fúria, um dissabor.

E nos meus momentos a sós comigo,
entro em grandes monólogos,
com as paredes do meu abrigo.

Nos momentos mais recônditos,
é o monólogo interior
que acalenta a mágoa e extravasa a dor.

Mas para quê tanto sofrimento,
se tudo termina com a morte
num irremediável ponto final?


Até ao regresso!


terça-feira, 7 de agosto de 2012

Amor (salva)dor

Célia Gil



Quando olho no fundo do teu olhar,
Ele suga-me as forças que esmorecem
E todos os músculos me estremecem
Só por te ver, te querer, te desejar.

E quando sacias o meu amor,
Sinto-me plena, repleta de vida,
Recupero a energia perdida,
Encaro os problemas com mais fervor.

Só tu me elevas o ego abalado
Pelas contrariedades do mundo,
O ergues do seu ser desesperado.

Só tu lhe dás a mão para o levantar,
O libertas do triste ser imundo,
Fazendo-o novamente acreditar.


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Perdi o meu sorriso

Célia Gil


(imagem do google)

Perdi o meu sorriso,
não aquele que apenas me contrai os lábios.
Perdi o verdadeiro sorriso,
aquele que vem de dentro para fora,
que nascia no fundo do meu ser.

Procurei-o em todas as divisões da casa.
No quarto encontrei apenas emoções;
na sala, divagações;
na cozinha, recordações;
na varanda, contemplações.
Desisti de o procurar,
não estava à vista.
Perdi-o dentro de mim,
na camada mais secreta do meu ser,
no ventrículo mais fundo do meu coração,
escondido entre a emoção e a razão.

Quis resgatá-lo.
Era tarde, as mãos tremiam,
os gestos já não obedeciam
e o sorriso era falso.

No exterior ficaram sorrisos faciais:
o sorriso de troça,
o sorriso de condescendência,
o sorriso de deslumbre,
o sorriso de embaraço,
o sorriso amargo,
o sorriso humilde
e muitos, muitos sorrisos…

Mas o meu sorriso,
o que vem da alma,
ficou para sempre esquecido!
                                       Célia Gil

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