domingo, 1 de maio de 2011

Mãe

Célia Gil

(imagens do Google)


Porque Deus te quis para Si

se me fazias ainda tanta falta?

Se não me basta o teu retrato

onde as tuas feições se vão esbatendo?

Sim, sou egoísta!

Queria-te só para mim!

Precisava tanto de ti...

Tinha tanto para te contar…

Tanto para desabafar…

Não há dia em que te não recorde

em palavras ditas,

em sorrisos lembrados,

em olhos meigos guardados

nas gavetas da memória.

Preciso de ti,

nem que seja apenas nessas memórias,

saber que estás algures,

me vês e olhas por mim.

Continuarei a desabafar contigo,

senão, a quem contaria as minhas desventuras?

Com quem partilharia a minha vida?

Como gostaria que pudesses ver os teus netos,

que crescidos estão!

Como os mimarias, avó babada!

Mas a vida é assim…

Quero acreditar que nos vês,

zelas por nós

e nos continuas a mimar!

E sempre que precisar dos teus mimos,

abrirei as gavetas que estimo

e abraçarei todas as recordações

que, apesar de me fazerem sofrer

por reviver toda a dor que sentiste,

me continuam a acalentar o coração,

a embalar a alma, ninando-a até acalmar,

como se fosse tocada pelos teus dedos

numa infinda carícia maternal!
                                                Célia Gil



Célia Gil / Professora

Sou professora de português e professora bibliotecária, como tal gosto de ler e de escrever. Este é o meu espaço de partilha de alguns textos que escrevo.

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